sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

"Meu querido diário"

Duvidamos, mais do que devíamos, do sentido de ordem que a vida parece exigir.
Acreditamos piamente que somos a exceção, que estamos á margem da correnteza da vida que arrasta todos pra um mesmo caminho, nem bom, nem ruim.
Boas partes das minhas indagações são acerca do sentido da vida, não tão profundas a ponto de situar a humanidade no grande contexto universal. No começo era pelo menos situar a mim no grande contexto universal. Durou pouco essa pretensão, então tentei em termos bem mais modestos me situar no micro. Em como a vida me afeta e me leva por caminhos que antes eu sequer imaginaria que percorreria.
Tem algo de mágico nisso. É fascinante como tudo é tão a mesma coisa e pode ao mesmo tempo ser fascinantemente imprevisível.
Já não posso mais dizer com toda certeza o que espero ou não do futuro.
Não direi mais que sou solteiro convicto. Não direi mais que não terei filhos. Não direi mais que estarei morto antes dos 60 ou que estarei apostando corridas de cadeira de rodas aos 70.
Não terei certeza sempre de quem sou, muito menos de quem deixarei de ser.
Agarro à idéia agora de que somos mutantes. De que evoluímos ou involuímos de acordo com a força da correnteza e dos troncos e pedras no caminho.
Hoje eu trilho o caminho de maneira diferente. Sem saber pra onde me leva, sem esperar que me leve a um lugar específico. Sem me preocupar quando ela termina, mas de olhos atentos, sempre.
Conclusão imperfeita:
Aceitar que a correnteza me leva assim como aos outros não quer dizer que me tira a individualidade. Acho que acabei perdendo pelo caminho a idéia de que eu ou qualquer outra pessoa tem a capacidade de ir para onde quiser.

Desculpem o post "zen... sentido"
Mas eu também nunca prometi que meus posts fariam sentido. Loucos podem se isentar de qualquer compromisso com isso. :)

4 Comentários:

Às 9:22 PM , Blogger Márcia Engel disse...

Foi um post meio assim, sabe...
E eu só podia fazer um comentário assim assim... do tipo que estou fazendo agora, falando muito e dizendo só o que quem lê conseguir extrair. Se conseguir.
Mas de qualquer modo, está comentado.
Assim, assim...

 
Às 6:59 PM , Blogger Camila Fernandes disse...

Engraçado. Assim que comecei a ler esse post eu percebi que era teu, não da Márcia. Não sei porquê. Ele não é típico. Você não é típico.

Não existem exceções. Nós somos repetições. O nível de chatice só cresce à medida que vemos o que somos se repetir indefinidamente - em nós mesmos e nos outros. Ciclo vicioso.

Esse texto me parece um começo de otimismo. Bom de ler.

Tet-a-Tet-suo.

Beijos.

 
Às 12:40 PM , Blogger Cintia disse...

Não sei porquê, mas consigo te imaginar apostando corrida de cadeira de rodas aos 70... Ah, sim, vc sofre um acidente, fica todo estrupiado e os outros velhinhos do asilo fazem sushi de vc!
:oD

 
Às 8:03 AM , Anonymous Anônimo disse...

Engraçado como a correnteza continua levando a gente e sem querer um dia a gente percebe que sempre chegamos no lugar onde deveríamos estar. Estava numa crise terrível até ontem, quando cheguei a conclusão de que não devia mais permitir à minha mente me perturbar com respostas que eu não tenho, e apenas seguir. E hoje, do nada, de link em link, caio aqui e vejo tudo o que tinha em minha cabeça escrito por outras mãos. Não acredito mais em coincidência, já faz um tempo. Só não aprendi ainda a interpretar os sinais.

 

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